quarta-feira, 22 de setembro de 2010

30 Letters - Someone from your childhood

Ian,
Acho que você seria filho de Poseidon. Quero dizer, eu lembro que você amava o mar, os peixes, a água, tudo. Você queria ser biólogo marinho, não é? Eu lembro. Às vezes fico imaginando se você também lembra - ou melhor, se você ainda pensa em mim. Naquela época, fomos unha e carne, não é? E o tempo em que fomos amigos foi... céus, você sabe. Eu adorava você. Era o melhor amigo do mundo todo.
[...]
Sinto sua falta, amigo. Sinto de verdade. Há umas muitas e muitas vezes em que fico querendo voltar no tempo, ainda brincar com você, ainda ser sua melhor amiga, ainda poder te chamar de 'titio' como meu pai te chamava. Tá, você não gostava, mas era engraçado te ver fazer bico, eu ficava rindo e rindo e rindo. E isso só te irritava mais e mais. Porém, nós nunca brigamos, né? Nunquinha.
[Pensar nisso, ao mesmo tempo que dói, me dá uma sensação boa no peito. Eu ainda te adoro, Ian.]
É só que é estranho, saber que... não somos mais aquelas crianças. Sequer somos amigos. Ou talvez ainda sejamos. Eu dizia que seria sua amiga para sempre, espero não ter mentido. Não apenas para você, mas para mim mesma. Queria poder ver o mar contigo e falar dos peixes e dos barcos. Lembra? Nós fingíamos que sua cama era um barco e então, íamos para todos os lugares da Terra. Eu e você - amigos. Será que você ainda pensa - lembra - dessas coisas todas? Acho que sim, você era um menino legal.
["AAH! Um tubarão!" e "Nade! Nade! Ligue os motores do barco! Ele vai nos pegar! AAAAH!" ou então: "Titio!" e "Não sou titio!" ou "Você viu a cara do Itachi?!" e "Eu gosto do Kisame, já disse!" - Sinto saudades de ser sua amiga.]
Eu ainda sei onde é aquele seu prédio vermelho, perto da minha escola. Ainda penso em você quando vejo a praia de noite: Não foi lá que nós levamos seu cachorro para passear e depois comemos milho? Mesmo eu detestando milho? Caramba, às vezes tenho vontade de te ligar, Ian. Mas o que eu iria dizer? O quê? Quando foi a última vez em que nos falamos? Ano passado? Retrasado? Por telefone? Por uns minutos? Não há mais tempo, titio. Acho que nós dois sabemos.
["Meu chinelo vai cair! Vai cair!" e "Não dá para deixar cair agora, estamos em um teleférico!" e "Ai, meu Deus, aquilo lá é uma cobra?!" e "É claro que não, é um cipó!"]
É, você era o melhor amigo do mundo todo. Estou com uma sensação estranha, não sei se você entenderia. Talvez sim, talvez não. É algo entre uma vontade desgraçada de chorar e uma vontade imensa de sorrir. Eu disse, Ian, que lembrava de tudo.
["Clube dos Macacos? Tem macacos lá?" e "Claro que não, deve ser só o nome." e "Então vamos ficar olhando para as árvores!" e "Oba! Piscina!"]
Eu juro por todas as conchinhas do mar, pelo seu golfinho de pelúcia que não vou esquecer. De nada. Porque, você sabe, eu te adoro. Não importa a distância. Nem o tempo. Nem mais nada.
["Me diz uma palavra que comece com 'c' e termine com 'u'!" e "Eeeer...." e "Sua pevertida! Céu!"]
Eu lembro de todas as nossas aventuras. Mais do que isso: eu lembro de você.
Pelos velhos tempos, titio,
A.
PS: Obrigada por tudo.

1 comentários:

Tangerina disse...

mimimi.


.___.

(sim, eu deixei duas lágrimas caírem)

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